Informações ao paciente
Quais exames podem ser úteis na investigação dos diagnósticos diferenciais e doenças confundidas de TMAU?
• Ultrassonografia de abdômen total (hepatopatias e nefropatias)
• Hemograma completo (infecções e avaliação de anemias, ocasionalmente pode estar presente neutropenia)
• Urina tipo 1 (nefropatias)
• Coprocultura (parasitoses)
• Glicemia de jejum, hemoglobina glicada e insulina (hiperglicemia, resistência insulínica e Síndrome do Ovário Policístico)
• Colesterol total e frações (dislipidemia e deficiência de colina com VLDL baixo)
• Estrógenos totais e frações (endometriose e Síndrome do Ovário Policístico)
• Progesterona (Síndrome do Ovário Policístico)
• Testosterona total e livre (uso de esteroides)
• T3, T4 e TSH (hipotireoidismo)
• Fosfatase alcalina, albumina, ureia e creatinina (função renal)
• TGO, TGP, GGT (função hepática)
• Desidrogena láctica, tempo de protrombina (função hepática)
• Billirubinas direta e indireta (função hepática)
• Sorologia para hepatites virais
• Cortisol basal matinal (Cushing)
• Colonoscopia (enteropatias: doença inflamatória intestinal, fístulas e câncer colorretal)
Que outros diagnósticos podem ocasionar queixas de odor, além da TMAU?
Além dos diagnósticos já mencionados, também podem ocasionar odores:
bromidrose, anemia falciforme, apnéia do sono, infecção por H. pylori, asma, câncer de
mama, carcinoma pulmonar, doença pulmonar obstrutiva crônica, fibrose cística,
doença hepática crônica não colestática, cirrose biliar primária, cirrose hepática
descompensada, uremia/insuficiência renal, halitose intraoral, fenilcetonúria,
leucinose/doença da urina do xarope de bordo, cetoacidose diabética, doença renal em
estágio final, insuficiência hepática, deficiência de metionina adenosil-transferase,
deficiência de metionina adenosiltransferase (MAT), acidemia isovalérica, deficiência
de 3-metilcrotonil-coa carboxilase (MCC), vaginose bacteriana e lesões ginecológicas
(Mogilnicka et al., 2020; Whittle et al., 2007)
Qual é o especialista ou profissional que trata o problema?
Além do médico geneticista e do exame genético, o manejo clínico dos sintomas
requer nutricionista, psicólogo, dermatologista, gastroenterologista, endocrinologista e
psiquiatra, etc... O exame bioquímico Dosagem de TMA e TMAO na urina é indicado
para a triagem dessa queixa, mas no momento não é realizado no país. Assim,
baseando-se apenas na queixa de odor corporal metabólico, acredita-se que 30% dos
casos tenham a molécula de TMA como causa.
Quais são as consequências do acúmulo de TMA no organismo?
No longo prazo, a trimetilamina (TMA) produz prejuízos cognitivos, por
induzir a permeabilidade das barreiras hematoencefálica e intestinal, permitindo que
outras substâncias de origem intestinal possam chegar ao cérebro, onde provocam
inflamação. Em uma parte dos casos, a trimetilamina é acompanhada do metabólito nóxido de trimetilamina (TMAO), que produz risco elevado de acidente cardiovascular,
por meio de diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia e trombose (Hoyles et al.,
2021).
O que causam as falhas metabólicas dos pacientes com TMAU?
Comumente, os pacientes com mutação no gene FMO3 apresentam uma forma
menos eficiente da enzima, que não dá conta do catabolismo da quantidade da
substância produzida após as refeições, e leva a sua acumulação em diversos tecidos.
Em certos casos, a mutação é do tipo hipomórfica, onde a eficiência da enzima é
preservada, mas sua síntese proteica no processo de tradução é diminuída, podendo
ser agravada pelo efeito de estrógenos ou pelo excesso de testosterona, devido a uso de
anabolizantes. Ainda, existem mutações que tornam a enzima susceptível a
silenciamentos por modificações pós-traducionais induzidas por leucócitos,
relacionadas a alergias, infecções virais ou reação adversa a medicamentos. Por fim,
algumas pessoas com o sintoma tem a eficiência e o nível de expressão da enzima sem
alterações, mas apresentam uma produção excessiva de TMA no intestino que supera a capacidade de metabolização da enzima – quadro geralmente associado com disbiose
intestinal, má alimentação, uso excessivo de antibióticos e corticoides, enteropatias,
imunodeficiências ou contaminação ambiental.
Qual é a origem da trimetilamina? Como ela é normalmente eliminada?
A trimetilamina (TMA) é um metabólito fisiológico produzido pela microbiota
intestinal em quantidades moderadas, a partir dos nutrientes colina, carnitina e TMAO.
Uma vez produzida, a base volátil é absorvida por difusão passiva no intestino
delgado e alcança à circulação enterohepática onde adentra os hepatócitos, que
possuem a enzima em seu retículo endoplasmático. A flavina monooxigenase participa
da fase I do processo de detoxificação hepática, desempenhando a função de catalise
da reação de n-oxidação do TMA, para formar a molécula TMAO, inodora e mais
facilmente eliminada pelos rins.
Por que o paciente demora pra buscar ajuda?
Além da forma primária da doença, ou TMAU1, com início na infância ou puberdade, a concentração de trimetilamina (TMA) também se eleva secundariamente na presença de certas disfunções orgânicas, ou TMAU2. Essa pode ser adquirida em qualquer idade, produzindo o mesmo odor anormal, que exala na urina, na pele, no suor, na boca, na respiração, na região genital ou em todas essas. No entanto, a descrição clássica do cheiro de peixe estragado ocorre em somente 10% das pessoas acometidas, porque outras substâncias odoríferas podem ser exaladas junto à TMA. E curiosamente, 7% dos observadores podem ter uma anosmia específica para a substância, que também se apresenta de maneira intermitente, especialmente em mulheres no período perimenstrual; ou episódica, em períodos de elevado estresse ou situações traumáticas. Isso tudo implica em baixíssima taxa de diagnóstico e abordagem inadequada do problema como uma questão de falta de higiene, embora banhos repetidos no dia não possam resolver o problema.
O que é SEAPOSI?
O Serviço de Atenção Integral ao Paciente com Odor Sistêmico Idiopático - SEAPOSI é um projeto assistencial especializado, fundado em Julho de 2021, que oferece tele consultas sociais para os pacientes da Associação de pacientes de trimetilaminúria e síndromes com odor corporal metabólico – MEBO-Brasil. Nos dedicamos de forma voluntária ao grupo de pacientes, auxiliando na investigação da suspeita dessa doença rara, além de outras causas genéticas e ambientais para sintomas de mau odor, que acarretam grande prejuízo psicossocial e risco de suicídio.
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O que é TMAU?
Para seu maior conhecimento, a trimetilaminúria, também conhecida como
“síndrome do odor de peixe” ou TMAU, é uma doença do grupo dos erros inatos do
metabolismo, causada por mutações no gene FMO3, localizado no cromossomo 1, que
codifica para a enzima flavina monoxigenase hepática. Ainda é bastante desconhecida
entre os clínicos devido a sua descrição na década de 70, e sua frequência permanece
incerta no país. Entretanto, dados atuais indicam que mais de 1% de população de
origem caucasiana pode estar em risco de manifestar o sintoma de mau odor
ocasionalmente, por serem portadores de determinadas predisposições genéticas,
também comuns em populações com outras ancestralidades. (Phillips IR, 2015;
Schmidt & Leroux, 2020)
Quais são os tipos de TMAU? Todos ocasionam o cheiro de peixe podre?
Além da forma primária da doença, ou TMAU1, com início na infância ou
puberdade, a concentração de trimetilamina (TMA) também se eleva secundariamente
na presença de certas disfunções orgânicas, ou TMAU2. Essa pode ser adquirida em
qualquer idade, produzindo o mesmo odor anormal, que exala na urina, na pele, no suor, na boca, na respiração, na região genital ou em todas essas. No entanto, a
descrição clássica do cheiro de peixe estragado ocorre em somente 10% das pessoas
acometidas, porque outras substâncias odoríferas podem ser exaladas junto à TMA. E
curiosamente, 7% dos observadores podem ter uma anosmia específica para a
substância, que também se apresenta de maneira intermitente, especialmente em
mulheres no período perimenstrual; ou episódica, em períodos de elevado estresse ou
situações traumáticas. Isso tudo implica em baixíssima taxa de diagnóstico e
abordagem inadequada do problema como uma questão de falta de higiene, embora
banhos repetidos no dia não possam resolver o problema.